Não sei, hoje
fiquei com vontade de retomar esse blog de uma maneira especial, e fiquei
pensando em um tema onde eu pudesse trazer alguma informação que mexesse com o
coração das pessoas e que servisse de inspiração como sempre fiz.
O mundo tão
perdido deste jeito, pessoas enlouquecendo, entrando em depressão, alguns
cometendo suicídio porque não aguentam o tranco, outras enlouquecidas no
trânsito, no seu trabalho, no seu dia a dia em um estresse absurdo. Mas o que mais me incomoda são as reclamações,
como as pessoas reclamam, meu Deus!
A vida não é
fácil, ás vezes enxergamos tudo cinza quando o dia está lindamente colorido,
mas as cores somem quando não estamos bem e tudo perde a graça, é aí que mora o
perigo. Já me senti assim neste mundo cinza inúmeras vezes, já recorri a
terapia e aconselho a todas as pessoas que nunca investiram em uma terapia,
investir, ajuda muito. Então por ver
pessoas tão bem sucedidas reclamando da vida, por ver tantas coisas acontecendo
com pessoas que já passaram por superações ainda se sentindo vazia, tanta gente
amargurada com tanta coisa, essa crise violenta que assolou nosso país e tirou
o chão de todos nós, não é fácil sobreviver há tantos obstáculos, só queria que
as pessoas entendessem que a gente consegue tudo, que a gente pode tudo e que a
vida é o maior presente que poderíamos ter. O mundo tá caótico mesmo, mas acredito que
tudo seja por uma grande provação e por um bem maior, para que haja a mudança
que queremos ver no mundo.
Eu nasci em
uma família incrível, todos muito unidos tanto da parte do meu pai quanto da
minha mãe, família grande. Meu pai veio do Nordeste com uma mão na frente e a
outra atrás ainda muito novo, passando por muitos desafios e venceu. Conquistou
muita coisa, conheceu minha mãe e tiveram cinco filhos, foi comerciante do Brás
por 40 anos, adquiriu tudo que ele queria na vida, e nos proporcionou uma vida
confortável e feliz, um homem digno, lindo, simples, que ajudou muita gente
nesta vida, mas não é do meu pai que quero falar agora, do meu pai prometi para
ele ainda em vida escrever um livro de sua biografia e ainda farei, mostrando a
trajetória de um homem que se superou inúmeras vezes até seu último suspiro de
vida.
Eu tive a melhor infância da minha vida, mesmo sofrendo de uma bronquite
alérgica e reumatismo no sangue que fazia, durante muitos anos, minha mãe se
levantar na madrugada para correr comigo ao hospital, até descobrir um anjo
chamado Dr. Geraldo que me curou, mas mesmo nos momentos de crise forte com
dores e falta de ar por causa do reumatismo, nunca abri a boca para reclamar.
Nunca perdi o sorriso e nem a vontade de brincar, de estar ao lado das pessoas,
minha mãe sempre ali ao meu lado em todos os momentos, cuidando de mim, eu não
sabia viver sem ela, eu era assumidamente dependente dela. Ao lado dela me
sentia segura e protegida, quando eu tinha 18 anos ela se foi, perdi meu esteio,
ela teve um câncer agressivo no pulmão com o esôfago que fez ela ir embora aos
48 anos. Ver minha mãe definhando me matava por dentro e eu não parava pra
pensar no fato de que ela poderia morrer, sempre acreditei na vida e de repente
ela se foi. Entrei em um abismo, mas não me entreguei, arregacei as mangas e
mesmo com toda dor do mundo, me corroendo por dentro segui em frente ajudando
meu pai, cuidando das minhas irmãs que ainda eram muito novas e quando vi que
tudo estava entrando no eixo, meu pai refazendo a vida dele, fui cuidar um
pouquinho da minha alma passando um tempo longo em Salvador na casa da minha
amada tia Carmelita. Sou tão grata a ela por ter me acolhido como mãe,
recebendo todo aquele carinho que eu estava precisando. Aí resolvi voltar,
chorei por muitos anos a perda da minha mãe, a saudade que eu sentia dela, é aí
que entra o teatro em minha vida, eu quis fazer algo que me identificaria e me
fizesse superar aquele vazio que eu sentia, me encontrei, me entreguei, me
apaixonei... Fui em frente, depois entrei na faculdade de comunicação na FAAP
que amei, e conheci pessoas que hoje são muito especiais em minha vida.
Não posso
reclamar da vida porque sempre tive tudo que quis, sempre tive o apoio da minha
família em minhas escolhas, e acima de tudo tenho saúde. Eu só tenho gratidão.
Mas precisei me superar inúmeras vezes, porque se superar é melhor do que se
entregar, melhor do que jogar a toalha e abandonar a causa, seja a causa da
forma que for, por doença, por perda, por dificuldade, não importa, o que
importa é que a gente tem a capacidade de conseguir vencer toda e qualquer
batalha.
No começo
deste ano, fevereiro de 2015, perdi meu pai que também descobriu um câncer
agressivo no pulmão, imagina a minha cabeça saber que o meu pai estava com a
mesma doença que minha mãe, não quis acreditar. Esse câncer rapidamente avançou
para a medula fazendo com que ele parasse de andar, ele parou de andar na minha
frente, acompanhei tudo acontecendo e sempre firme para passar pra ele força e
pensamento positivo, ele não conseguia dormir e eu fazia vibrações e
energizações nele conectando com os amigos da espiritualidade, ele se sentia
confortável e em paz. Sempre acreditei na espiritualidade e é nela que sempre
me apeguei.
Ele morava em
Goiás, mas Deus é tão generoso que deixou isso tudo acontecer no final do ano
onde ele estaria em São Paulo com a gente e nós poderíamos cuidar dele. Foi
tudo muito rápido, ele já com dores, achando que era problema no rim porque em
Goiás foi diagnosticado assim, veio
passar as férias de final de ano com os filhos, aproveitamos e levamos ele para
um check up, acabamos descobrindo o câncer, nós sabíamos o que ele tinha, ele
não, faleceu sem saber, não deu tempo de começar o tratamento. Hoje com a
cabeça mais tranquila posso dizer que foi melhor assim. Dizer que ele não
sofreu é mentira, mas sofreu por pouco tempo, não ficou definhando na cama, um
homem com tamanha magnitude não merecia sofrer. Cuidamos dele, sem sair de
perto um minuto, todos os dias. Ele foi preenchido com muito amor, carinho,
atenção, dedicação e com tudo isso e todos os filhos ao seu redor ele partiu.
Partiu em paz. Eu, mesmo com todos os
obstáculos que apareceram depois da sua partida, me superei mais uma vez.
A vida nos
traz a força, e a gente nem imagina o quanto, e isso foi uma grande descoberta
para mim, a minha força. Sinto uma falta danada do meu pai, ele era meu porto
seguro, meu conselheiro, meu grande amigo e pra falar a verdade pelo jeito que
ele levava a vida, pensei que ele viveria mais de cem anos. Ficar sem os pais é estranho, nos sentimos sem chão, como se faltasse algo todos os dias, é um vazio sem fim, essa tem sido a pior experiência da minha vida e uma superação diária.
Superação é
você acreditar que a vida vale a pena, é arregaçar as mangas e não deixar, de
maneira alguma, a peteca cair, é se superar a cada dia contra todas as
dificuldades, é olhar para o horizonte e acreditar que uma força maior nos impulsiona
a seguir em frente, se superar é vencer a si mesmo, é vencer os desafios da
vida e mesmo se chegar a linha do tempo e ver que não tem mais saída, pelo
menos você foi até o fim.