quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Superação

Não sei, hoje fiquei com vontade de retomar esse blog de uma maneira especial, e fiquei pensando em um tema onde eu pudesse trazer alguma informação que mexesse com o coração das pessoas e que servisse de inspiração como sempre fiz.

O mundo tão perdido deste jeito, pessoas enlouquecendo, entrando em depressão, alguns cometendo suicídio porque não aguentam o tranco, outras enlouquecidas no trânsito, no seu trabalho, no seu dia a dia em um estresse absurdo.  Mas o que mais me incomoda são as reclamações, como as pessoas reclamam, meu Deus!

A vida não é fácil, ás vezes enxergamos tudo cinza quando o dia está lindamente colorido, mas as cores somem quando não estamos bem e tudo perde a graça, é aí que mora o perigo. Já me senti assim neste mundo cinza inúmeras vezes, já recorri a terapia e aconselho a todas as pessoas que nunca investiram em uma terapia, investir, ajuda muito.  Então por ver pessoas tão bem sucedidas reclamando da vida, por ver tantas coisas acontecendo com pessoas que já passaram por superações ainda se sentindo vazia, tanta gente amargurada com tanta coisa, essa crise violenta que assolou nosso país e tirou o chão de todos nós, não é fácil sobreviver há tantos obstáculos, só queria que as pessoas entendessem que a gente consegue tudo, que a gente pode tudo e que a vida é o maior presente que poderíamos ter.  O mundo tá caótico mesmo, mas acredito que tudo seja por uma grande provação e por um bem maior, para que haja a mudança que queremos ver no mundo.

Eu nasci em uma família incrível, todos muito unidos tanto da parte do meu pai quanto da minha mãe, família grande. Meu pai veio do Nordeste com uma mão na frente e a outra atrás ainda muito novo, passando por muitos desafios e venceu. Conquistou muita coisa, conheceu minha mãe e tiveram cinco filhos, foi comerciante do Brás por 40 anos, adquiriu tudo que ele queria na vida, e nos proporcionou uma vida confortável e feliz, um homem digno, lindo, simples, que ajudou muita gente nesta vida, mas não é do meu pai que quero falar agora, do meu pai prometi para ele ainda em vida escrever um livro de sua biografia e ainda farei, mostrando a trajetória de um homem que se superou inúmeras vezes até seu último suspiro de vida. 

Eu tive a melhor infância da minha vida, mesmo sofrendo de uma bronquite alérgica e reumatismo no sangue que fazia, durante muitos anos, minha mãe se levantar na madrugada para correr comigo ao hospital, até descobrir um anjo chamado Dr. Geraldo que me curou, mas mesmo nos momentos de crise forte com dores e falta de ar por causa do reumatismo, nunca abri a boca para reclamar. Nunca perdi o sorriso e nem a vontade de brincar, de estar ao lado das pessoas, minha mãe sempre ali ao meu lado em todos os momentos, cuidando de mim, eu não sabia viver sem ela, eu era assumidamente dependente dela. Ao lado dela me sentia segura e protegida, quando eu tinha 18 anos ela se foi, perdi meu esteio, ela teve um câncer agressivo no pulmão com o esôfago que fez ela ir embora aos 48 anos. Ver minha mãe definhando me matava por dentro e eu não parava pra pensar no fato de que ela poderia morrer, sempre acreditei na vida e de repente ela se foi. Entrei em um abismo, mas não me entreguei, arregacei as mangas e mesmo com toda dor do mundo, me corroendo por dentro segui em frente ajudando meu pai, cuidando das minhas irmãs que ainda eram muito novas e quando vi que tudo estava entrando no eixo, meu pai refazendo a vida dele, fui cuidar um pouquinho da minha alma passando um tempo longo em Salvador na casa da minha amada tia Carmelita. Sou tão grata a ela por ter me acolhido como mãe, recebendo todo aquele carinho que eu estava precisando. Aí resolvi voltar, chorei por muitos anos a perda da minha mãe, a saudade que eu sentia dela, é aí que entra o teatro em minha vida, eu quis fazer algo que me identificaria e me fizesse superar aquele vazio que eu sentia, me encontrei, me entreguei, me apaixonei... Fui em frente, depois entrei na faculdade de comunicação na FAAP que amei, e conheci pessoas que hoje são muito especiais em minha vida.

Não posso reclamar da vida porque sempre tive tudo que quis, sempre tive o apoio da minha família em minhas escolhas, e acima de tudo tenho saúde. Eu só tenho gratidão. Mas precisei me superar inúmeras vezes, porque se superar é melhor do que se entregar, melhor do que jogar a toalha e abandonar a causa, seja a causa da forma que for, por doença, por perda, por dificuldade, não importa, o que importa é que a gente tem a capacidade de conseguir vencer toda e qualquer batalha.

No começo deste ano, fevereiro de 2015, perdi meu pai que também descobriu um câncer agressivo no pulmão, imagina a minha cabeça saber que o meu pai estava com a mesma doença que minha mãe, não quis acreditar. Esse câncer rapidamente avançou para a medula fazendo com que ele parasse de andar, ele parou de andar na minha frente, acompanhei tudo acontecendo e sempre firme para passar pra ele força e pensamento positivo, ele não conseguia dormir e eu fazia vibrações e energizações nele conectando com os amigos da espiritualidade, ele se sentia confortável e em paz. Sempre acreditei na espiritualidade e é nela que sempre me apeguei.

Ele morava em Goiás, mas Deus é tão generoso que deixou isso tudo acontecer no final do ano onde ele estaria em São Paulo com a gente e nós poderíamos cuidar dele. Foi tudo muito rápido, ele já com dores, achando que era problema no rim porque em Goiás foi diagnosticado assim,  veio passar as férias de final de ano com os filhos, aproveitamos e levamos ele para um check up, acabamos descobrindo o câncer, nós sabíamos o que ele tinha, ele não, faleceu sem saber, não deu tempo de começar o tratamento. Hoje com a cabeça mais tranquila posso dizer que foi melhor assim. Dizer que ele não sofreu é mentira, mas sofreu por pouco tempo, não ficou definhando na cama, um homem com tamanha magnitude não merecia sofrer. Cuidamos dele, sem sair de perto um minuto, todos os dias. Ele foi preenchido com muito amor, carinho, atenção, dedicação e com tudo isso e todos os filhos ao seu redor ele partiu. Partiu em paz. Eu, mesmo com  todos os obstáculos que apareceram depois da sua partida, me superei mais uma vez.

A vida nos traz a força, e a gente nem imagina o quanto, e isso foi uma grande descoberta para mim, a minha força. Sinto uma falta danada do meu pai, ele era meu porto seguro, meu conselheiro, meu grande amigo e pra falar a verdade pelo jeito que ele levava a vida, pensei que ele viveria mais de cem anos. Ficar sem os pais é estranho, nos sentimos sem chão, como se faltasse algo todos os dias, é um vazio sem fim, essa tem sido a pior experiência da minha vida e uma superação diária. 


Superação é você acreditar que a vida vale a pena, é arregaçar as mangas e não deixar, de maneira alguma, a peteca cair, é se superar a cada dia contra todas as dificuldades, é olhar para o horizonte e acreditar que uma força maior nos impulsiona a seguir em frente, se superar é vencer a si mesmo, é vencer os desafios da vida e mesmo se chegar a linha do tempo e ver que não tem mais saída, pelo menos você foi até o fim.    

3 comentários:

  1. Ro, minha amiga!!! Amei!!!
    Como eu te disse hoje de manhã: Bora viver!!!
    <3

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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